26 de fev. de 2008

" Por querer salvar o cerrado "






Aos domingos, quase nunca acordo cedo (muito cedo) ao ponto de assistir ao Globo Rural. Nesta semana acordei e tive uma grata satisfação: uma reportagem sobre um cidadão de nosso estado falando de nosso cerrado e suas frutas nativas. É uma aula de vida, respeito ao meio ambiente e contra-mercenarismo. Assista aqui.

Doce é o Brasil




por Renata Barros:

Adoro ver as luzes das cidades….à noite parecem vagalumes que invadem todo o seu espaço.

Barcelona me mete medo….tenho saudade do meu Goiás de coisas simples de gente amiga…de espeto de boteco feio…de mercado, de pastel…..de carne assando na brasa e cerveja gelada para comemorar o calor que nunca se vai.

Tenho sonhos que me remetem â varanda da minha casa de onde vejo uma rua sem acontecimentos mas de onde posso reconhecer os personagens que nela atravessam.

Saudade dos meus amigos cães… que marcam momentos felizes….. pela felicidade que se instala quando o encontro se torna possivel.

Do dia a dia de rotinas bestas e coisas sem muito sentido. Faz falta asistir uma novela sensasionalista da Globo ou asistir um jogo entre madureira e mozarlandia no Sport TV.

Faz falta tambèm receber telefonemas de amigos perguntando o que vai ser hoje da noite…ou ligando porque tem um churrasco na casa do fulano de tal…..”levar o que for beber”….

Mas como uma velha apaixonada pelo movimento das luzes…adoro a noite doce da cidade….todo mundo se encontrando……rindo..contando casos por vezes absurdos….mas é o que vale. Estar juntos…aproximar a ligaçao que existe…fazer contatos importantes para alma.

E na minha doce cidade tem boteco do sapâo…tem casa de amigos…tem gaúcho para comer espeto…tem picanha na casa de mâe. Tem um centro marcante com pessoas quase desconhecidas..e tem muitas casas art deco….Aquí em Barcelona nao tem.

Sinto falta da sensaçâo de dirigir um carro…..nao sinto falta do carro em si, mas dessa coisa de poder viajar para os lugares que amo….com as pessoas que amo….como se o mundo estivesse próximo do fim e eu tivesse que chegar rápido para ver e conhecer tudo antes da grande explosão. Por as mãos para fora do carro e sentir a pressão do vento sobre ela……impagável.

Saudade das cachoeiras daquela Pirinopolis maldita….ou da cidade de Goiàs…..Saudade da Chapada….do bar do Pelé….e saudade de ver aquele tanto de morro na minha frente. Saudade de colocar Ney para tocar enquanto viajo…e de abrir uma Skol depois de uma longa caminhada numa trilha de mato quase insuportável. De dormir sono de criança dentro da barraca…..de fazer planos…..de asistir a um show e ver gente de tudo quanto è jeito….gente pobre..gente rica...gente feia…gente chata….gente apaixonada…..

Saudade de ir para rua e encontrar alguem conhecido…de buzinar para os amigos e sem querer combinar o próximo fim de semana que não será cumprido…..

Vontade de comer churrasco do pai no Araguaia…de procurar os cachorros perdidos no mato…de comer pão de queijo da mãe no fim de tarde…..de ficar na rede vendo o tempo passar, de jogar baralho com a família, de contar històrias e ouvi-las tambèm. De planejar a vida sem pressa e ver o por do sol da ponte Itacaiú como um espetáculo divino.

Saudade da arquitetura que conversava com o Estranho, com o Gustavo…com meus amigos…saudade de ir a um congresso de onibus com aquele tanto de gente querendo saber mais e mais sobre arquitetura…

Saudades do Rio de Janeiro….cidade mais linda do mundo……cidade mais louca do mundo…confusão instalada…..pobreza, arte e o samba acontecendo na praça XV…bateria da mangueira no arco da lapa as 5 da manha, os shows no circo voador……e as ruinas de Santa Teresa….cidade maravilhosa

Doce cidades…

doce Brasil……..

Estranha e chata é a saudade!